* Letícia Piccolotto
Segundo dados do Relatório Estratégia Brasileira de Transformação Digital, uma boa estratégia digital pode trazer ao Brasil um aumento de 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e economizar até 97% dos custos de atendimento e serviços públicos. Além disso, a contínua digitalização do atendimento pode representar uma economia para o governo brasileiro de R$ 663 milhões ao ano, e, para a sociedade como um todo, a economia alcança a casa de R$ 5,6 bilhões.
Neste ano, o governo digitalizou cerca de 500 serviços, passando a permitir que atividades como operações como pedidos de aposentadoria, licença maternidade, carteira de trabalho digital e carteira de vacinação internacional sejam feitos totalmente pela internet ou por aplicativos de celular. A estimativa é que, ao oferecer digitalmente os documentos, a economia para os cofres públicos chegue a R$ 345,42 milhões com redução de funcionários e papéis.
Estes dados reforçam a urgência do investimento em tecnologia pelo governo nacional. A sociedade está passando por uma grande mudança na sua relação com a Gestão Pública e as lideranças do setor precisam responder a esses novos anseios de forma eficaz. Soluções que priorizem a automatização e digitalização de processos se fazem necessárias em todas as esferas e nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e têm grandes chances de aplicabilidade.
Segundo últimos levantamentos, sabemos que o ecossistema de startups brasileiro possui 363 incubadoras e 57 aceleradoras que investiram cerca de US$ 1,3 bilhões em 259 startups. Esse é um cenário promissor para as mais de 1.500 startups que atuam em temas relacionados ao governo e com amplo potencial para se tornarem GovTechs.
Diante desse cenário é plausível afirmar que é possível produzir mudanças consistentes, de maneira rápida e contínua com o apoio da tecnologia no setor público. Sendo assim, é fundamental mudar a relação entre os setores público e privado para tornar nossos governos mais confiáveis e eficientes, de modo que eles cumpram a função primordial de proporcionar uma boa qualidade de vida à população. As GovTechs são iniciativas inteligentes – e certamente necessitam de recursos para viabilizar suas soluções e apoiar mudanças seminais na eficiência de serviços públicos.
Colocar na pauta nacional a criação de fundos 100% destinados ao fomento e crescimento dessas empresas e suas ideias inovadoras poderia começar a tirar o Brasil das amarras da burocracia e causar o impacto social necessário para colocar, de fato, o cidadão em primeiro lugar. A tecnologia veio para ficar e temos que divulgar e fazer bom uso das possibilidades trazidas por suas soluções.
* Letícia Piccolotto, 38, é presidente executiva da Fundação Brava e fundadora do BrazilLAB, um hub que conecta líderes públicos abertos à inovação com empreendedores que tenham soluções eficazes para o desenvolvimento do Brasil