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O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) abriu 510 vagas para consultor de crédito destinadas a aposentados que trabalharam em instituições bancárias, nas áreas de análise de crédito a atendimento a pessoas jurídicas. Os escolhidos atenderão a micro e pequenas empresas. A seleção vai até 15 de fevereiro e será por análise de currículo e comprovação de experiência.

Se aprovados, os candidatos poderão assinar contrato com o Sebrae com duração até dezembro de 2018. O trabalho será na própria casa dos selecionados e a remuneração para os consultores será de R$ 453 por empresa atendida.

As inscrições para participar podem ser feitas pelo site da entidade. O resultado do processo seletivo será divulgado no próximo dia 9 de março.

Segundo o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, o objetivo é aproveitar a experiência dessas pessoas. “Essa é a turma que sabia dar crédito sem precisar olhar o computador, porque era olho no olho. Hoje, graças à moderna tecnologia, quem dá crédito é o computador. O gerente está absolutamente amarrado às regras. Isso faz com que 83% das pequenas empresas não tenham acesso ao crédito”, afirmou, citando estatística do próprio Sebrae.

De acordo com Afif, após passar pela consultoria, os pequenos empresários vão contar com o aval da entidade para solicitar crédito junto aos bancos. “Passando pelo crivo desse agente especial, o empresário passa a ter a vantagem de ter o aval do Sebrae, substituindo a garantia [em forma de bens]. O Sebrae tem um grande fundo de aval, com patrimônio de R$ 780 milhões.”

Para o presidente do Sebrae, a seleção vai na contramão das práticas no mercado de trabalho. “O que eu tenho assistido é empresas fazendo PDV [Programas de Demissão Voluntária]. Normalmente eles buscam tirar os mais velhos. Há um grande preconceito contra que é mais velho no mercado. Nós estamos indo na direção contrária. O mais velho para nós é muito importante”, acrescentou.

Na opinião do aposentado Mario Luiz Pegoraro, 74 anos, que também é presidente da Associação Nacional de Aposentados (Aposen), a iniciativa do Sebrae é positiva. “É a recolocação no emprego. Nos Estados Unidos, existe uma associação de aposentados que, antes mesmo de as pessoas se aposentarem, começa a consultar o que ela gostaria de fazer.”

Segundo Pegaroro, o próprio valor das aposentadorias influencia na decisão de os aposentados buscarem uma reintegração ao mercado. “Eu acho que se hoje o cara está ganhando R$ 10 mil, vai se aposentar com R$ 2 mil, R$ 3 mil, ele vai morrer de fome”, destacou.

Apesar de reconhecer que a reforma da Previdência, atualmente em discussão no Congresso Nacional, é uma medida dura, Pegoraro considera-a necessária.

“Daqui a pouco nós, aposentados, não vamos mais ter recursos. Eu recolhi a vida inteira e hoje não ganho R$ 3 mil. Se [continuar a] aposentar desse jeito, com certeza a Previdência vai quebrar e vamos estar todos com o salário mínimo. Alguma coisa tem que ser feita urgente, tem que aumentar o prazo para se aposentar. Eu aprovo totalmente”, disse.

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